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Isotretinoína (Roacutan®) aumenta o risco de depressão e ansiedade?

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A acne é uma condição comum e crônica da pele que afeta quase todos os adolescentes. A isotretinoína é o tratamento mais eficaz disponível para acne nodulocística recalcitrante.


O risco de depressão associado ao uso de isotretinoína em pacientes com acne tem sido uma grande preocupação há muito tempo. Dados disponíveis em diversas pesquisas mostram resultados conflitantes e inconsistentes.


Se por um lado dados indicam que a isotretinoína pode interferir no funcionamento cerebral e, desta forma, teria algum potencial para induzir sintomas depressivos, por outro, a sua eficácia incontestável na acne, problema que afeta a aparência e, portanto, a auto-estima, poderia ter efeito contrário, melhorando a depressão.


A isotretinoína (roacutan®) pode interferir no funcionamento cerebral?


A preocupação com o humor negativo associado a isotretinoína surgiu de uma série de estudos experimentais. Por exemplo, a isotretinoína oral suprimiu significativamente a divisão celular no hipocampo e interrompeu gravemente a capacidade de aprendizado de camundongos.


Outro estudo descobriu que o uso de isotretinoína estava associado à diminuição do metabolismo cerebral no córtex orbitofrontal, que era conhecido por mediar sintomas de depressão.


Pesquisadores também comprovaram que a isotretinoína alterou o nível de serotonina intracelular e aumentou os níveis de receptor 5-HTP e transportador de recaptação de serotonina in vitro.


Assim, teoricamente, a própria isotretinoína pode causar transtornos depressivos.


No entanto, o risco potencialmente aumentado de depressão pode ser compensado pelos efeitos benéficos da isotretinoína em pacientes com acne. A maioria dos pacientes com acne está preocupada com sua aparência, o que pode levar a uma série de distúrbios psicológicos. Infere-se, assim, que o sucesso do tratamento após o uso da isotretinoína melhora os sintomas de depressão.

Quando surgiu a polêmica em torno da Isotretinoína e depressão?


A possível indução de sintomas depressivos pela isotretinoína tratamento para acne foi relatado pela primeira vez em 1983.


Em 1998, a Food and Drug Administration dos EUA emitiu um alerta sobre as possíveis associações de isotretinoína com depressão, psicose, suicídio ideação e suicídio. No entanto, 2 grandes estudos populacionais em 2000 e 2003, bem como vários estudos controlados e não controlados, não conseguiram demonstrar um risco aumentado de depressão ou suicídio associado à isotretinoína.


Foi em 2008, que um estudo de Azoulay e cols. revelou uma associação estatisticamente significativa entre isotretinoína e depressão.


No entanto, posteriormente um estudo populacional maior descobriu que, na verdade, a acne por si só estava significativamente associada à depressão e ideação suicida. Incitando ainda mais a polêmica.


De lá para cá, buscando informações robustas, pesquisadores analisaram todos os estudos previamente publicados, no que chamamos de meta análises. Uma em especial, de Bremner e colaboradores, conclui a associação entre depressão e isotretinoína.


Contudo, acirrando ainda mais a polêmica, outras meta análises, citam a falta de análise conjunta de dados, com exclusão de estudos que revelaram a não associação de depressão e isotretinoína e, ainda, a inclusão de estudos com doses muito acima das usadas para acne (que revelaram associação positiva), como fatores de confusão para criação de uma conclusão inválida.

Problemas com os estudos.


Como visto, infelizmente os dados disponíveis não permitem uma conclusão assertiva sobre o assunto principalmente por conta da metodologia usada nos artigos até hoje publicados e, entre eles, alguns fatores:


  • Os tamanhos das amostras são pequenos

  • Maior parte ser estudo sem grupo controle (que não recebe a medicação)

  • Duração do tratamento, a dose do medicamento e a escala de depressão variar entre os diferentes estudos.

  • Pacientes com acne grave ou cicatrizes ou aqueles que não respondem à terapia podem ter um humor depressivo pior.

  • Pacientes com acne sofrerem mais com transtornos psiquiátricos.

  • Maior parte dos estudos serem retrospectivos, ou seja, partem da doença para chegar a uma causa


Desta forma, a análise da maior parte de estudos disponíveis até o momento e há uma tendência na Dermatologia atual de acreditar que, na verdade, os pacientes melhoram os sintomas depressivos após o uso de isotretinoína e ela não contribui no desenvolvimento de depressão.


No entanto, os resultados resumidos de estudos retrospectivos sugerem, o oposto, que o uso de isotretinoína em pacientes com acne pode aumentar o risco de depressão.


Assim, estudos com maior rigor científico são necessários para se poder afirmar que a isotretinoína causa ou não depressão.


Na prática, alguns pacientes podem ser mais propensos à depressão, independentemente de acne ou outras condições. Assim, monitorar de perto os pacientes com acne para depressão é essencial para identificar pacientes de alto risco.


Entre em contato conosco, caso queira iniciar seu tratamento com Isotretinoína (roacutan®) ou tenha alguma dúvida a respeito do tratamento.



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Dr. Felipe Cezar Dias - Dermatologista e Tricologista em Curitiba 

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